IA: solução ou ameaça?

08/08/2020

Uma análise com base na série Better than usALERTA: pode conter spoilers! 

De maneira breve e sucinta, a série russa Better than us, conta a história de uma robô que, diferente de todas as outras, age, em determinadas ocasiões, por conta própria, visando proteger a família à qual ela está vinculada, após o usuário ter sido logado, ela identifica-o como sendo integrante da família, subdividido em níveis, quanto maior o nível, menor o grau de influência sobre ela.

Bem, esse é, em linhas gerais, o resumo staccato desta série que, diga-se de passagem, é uma série e tanto, vale a pena assistir!

Porém, discussões recentes lançam luz a um questionamento que, não de hoje, há anos têm surgido na comunidade global: até que ponto a Inteligência Artificial, ao assumir certa autonomia, com tecnologias cada vez mais proeminentes tais como machine learning, ciência quântica [nossa tecnologia ainda é binária, estruturada sobre bits e bytes], etc., são benéficas ou representam uma ameaça à humanidade?

Reflexões essas que vão desde o campo da filosofia até discussões jurídicas sobre a validade e normatização são cada vez mais prementes.

Isaac Asimov em sua célebre obra sci-fi Eu, robô inicia seu livro falando sobre as três leis da robótica - não quero aqui delongar sobre a análise pormenorizada destas leis - mas é interessante que o cerne desses conceitos têm por alvo principal a proteção da espécie humana, porém, temos visto movimentos que vão na contramão disso tudo!

Robôs assassinos; IA com machine learning cada vez mais aprimorados; para onde isso tudo vai nos levar? Não sabemos, mas uma coisa é certa, nosso olhar não pode estar distraído em um mundo cada vez mais ruidoso, que furta nossa atenção, a ponto de nos esquivarmos desses assuntos e debates.

Não é de hoje que governos de países que são superpotências militares, têm treinado os chamados "robôs assassinos" que são, nada mais, nada menos, do que robôs usados para fins militares, porém, que identificam alvos sem a intervenção humana, diferente de tudo que já vimos até então, utilizam Inteligência Artificial, o que não se confunde com drones operados por humanos, enfim, é algo totalmente distinto do que estamos acostumados a ver.

Alarmante, para não dizer preocupante!

Não sou um crítico das tecnologias, ou algo do tipo, muito pelo contrário, sou um entusiasta, mas sinto-me no dever para com minha consciência de alertar e, acima de tudo, fomentar discussões, debates, conversas, com a comunidade civil, acadêmica e científica, visando a REGULAMENTAÇÃO, pois ação sem limite, sem regulação pormenorizada, pode dar azo às chamadas ditaduras digitais, o que não estamos longe de vivenciar, se é que já não vivemos uma.

Como na emblemática série Better than us, Arisa, a robô assistente, se aperfeiçoa em seu código, se dermos autonomia exacerbada às "máquinas", sem limitações ou limites, poderemos estar não muito longe de uma verdadeira revolução digital, porém, sem precedentes antes vistos, catastróficos, para não dizer cômico.

Me filio à ala dos pessimistas nesse sentido, temos que ter cuidado com "discursinhos" repletos de "ah, isso não tem nada a ver, o robô nunca vai substituir o homem", será?

Normalmente tais discursos são proferidos por pessoas que lucram e têm interesses íntimos com tais afirmações.

É preciso pensar, é preciso questionar, é preciso se informar de informação de verdade, sem fakes, para daí então, numa espécie de assembléia legislativa digital, numa plataforma global, pautarmos esses e outros assuntos com vistas à nos prepararmos para o futuro, pois, pensar só no aqui e no agora, pode nos custar caro no amanhã!

Revolução 5.0, tudo isso é bom, são os milagres e avanços da ciência e da tecnologia, mas glorificar tais avanços sem o mínimo de reflexão, é estupidez, para dizer o mínimo.

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